R&D Unit funded by

Entrevista_de_ES

Jovens adultos descendentes de imigrantes africanos em (dis)posições de destaque: um estudo sobre percursos de mobilidade ascendente entre as minorias

SubtítuloEntrevista com ES
Data2017
Sexomasculino
Idade: 33
Nível de formação: Licenciatura
Ocupação: gestor de projetos
Percurso de mobilidade ascendente: percurso de Sustentação Comunitária
Copyright© Este trabalho pertence ao ISCTE-IUL e ao Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. Pode ser usado livremente para investigação, ensino ou uso pessoal somente com autorização da autora ou de algum responsável das respectivas instituições e mediante a referência a esta declaração de disponibilidade no texto.
EntrevistadorLeonor Tavares

Vou-te perguntar… idade?

33.

Ah, temos a mesma idade. Nacionalidade?

Portuguesa.

Só?

Sim.

Não tens dupla?

Hamm?

Não tens dupla?

Tirei depois dupla, Caboverdiana também, embora principalmente Portuguesa.

Zona de residência Quinta do Conde.

Quinta do Conde, exacto.

Escolaridade?

Tenho 12º e curso superior, licenciatura.

Profissão?

Gestor de projectos.

Número de irmãos?

Tenho um, risos um, um e me trabalho. Estou a brincar.

E a idade?

31, fez 31 agora.

Estado civil?

Solteiro.

Número de filhos?

Não, não tenho.

Nacionalidade do pai?

Caboverdiana.

Escolaridade do pai?

Classe.

Profissão?

É emigrante portanto, mas é a especialidade neste momento é cozinheiro.

Nacionalidade da mãe?

A mãe é Caboverdiana também.

Escolaridade?

Classe.

Profissão?

É empregada de limpeza.

E porque é que os teus pais vieram para Portugal? Sabes?

Sim, foi para ter condições melhores, portanto, estavam em Cabo, portanto decidiram e vieram.

Ok.

Está feito. Obrigado risos

Era bom risos, agora é que vai começar a entrevista.

risos bem.

Era só o enquadramento.

Eu sei, estou a brincar.

Agora queria que me começasses a falar um bocadinho de como é que foi a tua… o teu percurso escolar, a primária, a preparatória, o secundário…por aí fora.

Então, olha, comecei pela pré- primária para começar comecei pela pré-primária, depois tive o ciclo normal da primária, portanto sem grandes sobressaltos, foi perfeitamente normal da à classe depois no ensino básico também ficava perto, portanto da minha residência como da escola primária, portanto foi um passo normal, um passo evolutivo…tive dois anos de e ano numa escola básica, depois fui para uma escola secundária em que pela primeira vez aceitaram um ano, , e tive até ao 11º ano. Isto, na altura morava no Barreiro, morava no Barreiro, portanto, quando estava no 11º ano com 17 anos os meus pais mudaram-se para a Quinta do Conde e então acabei o secundário na Quinta do Conde (Ruído) acabei o secundário na Quinta do Conde não fui logo para a universidade, comecei a trabalhar portanto, depois comecei a trabalhar e tirei um curso pós-laboral, na altura dava equivalência ao bacharelato de medidor orçamentista e gestor de projectos, não era um curso universitário mas era um curso de formação profissional, que dava na altura o nível 4 que dava equivalência ao bacharelato do curso superior…portanto, tive durante três anos em horário pós laboral a tirar esse curso, ficava ali no Cais do Sodré, chamado IATA, Instituto de Aperfeiçoamento Técnico Acelerado e durante o dia ia trabalhando. Como era novo, ia trabalhando durante o dia maioritariamente, numa empresa de etiquetas, portanto, de etiquetas e era um operário, portanto, durante esse ano. Depois mudei para outra empresa que vendia portas e madeiras Quando acabei esse curso fui estagiar numa empresa de construção e entretanto entrei para a Universidade Nova de Lisboa, portanto, para tirar o curso de Relações Internacionais, portanto e tive durante quatro anos, quatro senão cinco anos, porque tive umas cadeiras para fazer, durante cinco anos a tirar o curso portanto foram cinco anos de curso e depois comecei a trabalhar na empresa onde estava, entretanto, que agora deixei, durante dois anos, isto muito basicamente, muito superficialmente e entretanto e correu bem e entretanto a minha vida profissional sempre correu bem, tive sorte, portanto, tive sempre empregado desde o meu primeiro curso e o trabalho sempre correu bem, fui sempre reconhecido, por acaso, pela minha entidade patronal e entretanto surgiu uma nova oportunidade ao fim destes anos, portanto, numa empresa maior, portanto com mais responsabilidade, mas antes de passar para a parte mais específica que me vais perguntar, basicamente foi assim o meu percurso escolar ou barra profissional.

Então pelo que percebi até ao 12º ano não tiveste nenhuma reprovação, certo?

Não, acabei foi o meu 12º e tive um ano a fazer melhoria de notas e depois é que entrei para o curso, mas não, não, nunca reprovei.

E na Universidade só foi um ano em que tiveste a fazer umas cadeiras?

Exacto, exactamente, foi, foi isso.

E como é que eram os teus hábitos de estudo?

Eram bastante irregulares, era, esforçava-me mas nunca tive, até começar a trabalhar nunca tive uma metodologia muito próxima ou muito assertiva de ter que estudar, portanto aplicava-me sempre mas era, depende das cadeiras, as que tinha mais dificuldade, realmente tinha que investir um pouco mais no estudo, as que estava um pouco mais à vontade, se eu me sentisse seguro fazia com alguma naturalidade , mas nunca fui muito de estipular horários próprios de. agora tenho que estudar, portanto, às vezes tinha mesmo, mas nunca fui assim muito de planear, de planificar os meus horários de estudo ou com os exames ou do género.

Estudavas mais sozinho, acompanhado, em bibliotecas, em casa, como é que era?

Era mais ou menos cinquenta, cinquenta por cento entre sozinho e acompanhado, era conforme as pessoas com quem eu me dava mais, se me desse bem e os horários depois também dessem para estudar, estávamos em conjunto outras das vezes havia cadeiras ou por outras razões estudava sozinho, mas não te sei dizer, é capaz de ser mesmo uma situação de cinquenta cinquenta. Houve muitas cadeiras que eu estudei bastante sozinho e outras foi praticamente estudo em grupo…não, não é algo que possa ser visto quase tudo estudar em grupo ou quase tudo sozinho, foi mesmo isto cinquenta cinquenta entre estudar sozinho e estudar com quando digo grupo era sempre duas três pessoas no máximo, não eram grupos muito grandes.

E alguma vez tiveste apoio escolar ou explicações?

Não, apoio escolar nunca tive, não nunca tive apoio escolar.

Explicações também não.

Humm?

Explicações.

Não andei na explicação na no básico, no e ano mas foi mais por, nem era por necessidade, foi mesmo pelos meus pais dizerem ah vais para a explicação. Nunca foi uma situação de necessidade de ter que ter explicação para alguma disciplina portanto nunca tive essa necessidade. Tive no ano e no porque eu na altura como a explicação tava muito na moda, digamos e os meus pais devem ter ouvido os filhos iam para , olha tu também vais. Tive durante dois anos nessa explicação que por acaso era boa, admito que era boa, mas nunca tive uma necessidade de dizer, preciso de uma explicação para esta disciplina ou para passar, nunca tive essa necessidade. Não era que fosse um aluno brilhante, mas passava.

E quais eram as disciplinas favoritas e as que tinhas mais dificuldades?

Portanto eu eu portanto tirei o 12º na área de humanidades as minhas cadeiras favoritas, as minhas favoritas era Filosofia e talvez Geografia, embora tivesse boas notas também a Português e a Línguas. As que tinha mais dificuldade talvez fosse História, não era mais dificuldade, tinha menos interesse, era menos interesse. Até ao ano tinha alguma dificuldade realmente na Matemática, Matemática tinha alguma dificuldade sim, posso dizer que tinha mais dificuldade era mesmo na área da Matemática.

E porque é que optaste por Humanidades?

Olha, ao contrário do que muita gente dizia que ia para Humanidades para fugir da Matemática, nem foi por isso, porque realmente eu dava-me bem com Línguas portanto até por acaso aprendi a falar, aprendi a falar não, aprendi a contar primeiro Inglês do que em português, a contar em Inglês por causa do meu pai, que o meu pai vive na Holanda e desde miúdo ele é que me conta, não me lembro, ensinou-me a contar até vinte em Inglês, aprendi antes do Português até, porque ainda antes de ir para a escola sempre tive alguma queda para línguas, portanto, Inglês, Francês. Entretanto agora a nível profissional aprendi até Alemão, o Espanhol e Italiano arranhava mas falava com eles e eles entendiam, não era mau, embora nunca tinha tido Espanhol nem Italiano e acho que foi mais por causa disso que fui para uma vertente de Humanidades, não tanto para fugir a Matemática porque acho que adequava-me mais às Línguas e aquela área especificamente.

Quais eram as tuas escolhas para a Universidade, as tuas opções?

Olha eu quando tava no secundário, até ao 12º acho que até quase ao fim do segundo trimestre, eu ainda não sabia para que, para que curso é que eu queria, para que eu queria seguir, portanto que até nem sabia se queria realmente seguir a Universidade, por isso é que tive um ano a fazer melhorias de notas e depois tirei um curso profissional sem ir para a Universidade mas na altura estava mais virado entre Filosofia ou ser professor de uma das línguas, mas na altura, pois até na conversa com alguns professores a saída tava muito problemática naquela altura e também um pouco não me incentivou depois muito para ir, ok se não é bem o que eu queria talvez por isso é que houve depois ali aquele intervalo entre o 12º e a entrada na Universidade, para o curso profissional. Depois não sabia exactamente o que é que queria, então decidi por vontade própria começar a trabalhar e ver entretanto o que é que faria enquanto tirava aquele curso técnico, depois seguir para a Universidade ou se não, depois correu bem, porque entretanto enquanto estava a tirar o curso técnico comecei a trabalhar na própria área do curso, ainda antes de terminar e entretanto quando tava a tirar enquanto tava a trabalhar decidi é que tou aqui vou fazer superior também, tinha disponibilidade de horários e foi então quando decidi entrar para Relações Internacionais, depois entretanto até foi uma área tive colegas com Relações Internacionais e mostraram-me a cadeira, as cadeiras e as saídas que poderia ter e despertou-me algum interesse, foi quando eu decidi então ir para Relações Internacionais na Universidade Nova de Lisboa.

E quem consideras que foi a pessoa que mais te influenciou em termos de estudos?

Boa pergunta, quem é que foi a professora que, que penso que tenha sido, a professora Sónia Araújo que era da cadeira de introdução ao Direito, eu acho que foi a professora que por acaso pelo menos que me cativou a continuar o curso; foi logo no ano e falei por acaso bastante com ela, por acaso calhou e até houve alguma empatia e até a falar um pouco do meu percurso pessoal e a dizer que queria tirar o curso, numa conversa um pouco mais particular no fim de um, de uma aula por acaso acho que foi a partir daí que, ou ela deu-me um incentivo extra realmente para terminar o curso, porque na altura isso até estava na dúvida, se iria terminar esse curso e por acaso foi essa professora, acho que me deu aquele clique que, ok eu vou fazer este curso e depois logo se o que se faz e tive com ela durante a cadeira, dois semestres e depois encontrava-me muito com ela, entretanto nos outros anos íamos sempre mantendo o contacto nos corredores e às vezes por email e acho que foi ela que realmente, de todos foi a que me marcou mais foi.

Na tua família já há alguém com o curso superior?

O meu irmão, portanto tinha o meu irmão que tirou o curso, embora venha, embora ele seja mais novo mas terminou o curso primeiro do que eu, porque ele acabou o secundário e foi logo para a Universidade e terminou, portanto, quando eu entrei ele estava no último ano do curso de Geografia do Planeamento, portanto ele tirou Geografia do Planeamento, portanto tenho o meu irmão e antes do meu irmão, familiares próximos acho que não tinha ninguém com o Curso Superior. Assim de repente não me lembro de um familiar, pelo menos próximo, que me lembre, que tivesse Curso Superior.

E tiveste algum professor que te marcasse pela negativa? Já sei que pela positiva tiveste.

Sim, sim pela negativa não, alguns passaram-me definitivamente indiferentes no sentido de não me marcaram, pronto, tinha que fazer a cadeira e deram aulas mas negativamente por sorte ou não, neste caso foi sorte, não tive nenhum professor que realmente dissesse é este professor. havia cadeiras mais complicadas que outras, é óbvio, mas não, não apanhei nenhum professor ou que sentisse algum algum sentimento menos positivo em relação à minha pessoa por exemplo. Houve alguns que não me marcaram, ou seja passaram-me um pouco indiferentes, deram a cadeira e deram a nota, tudo bem, mas não tive nenhum que me dissesse não gosto desse professor ou que não queira ter aulas com ele por este não apanhei nenhum. Também não me apegava muito nem positiva nem negativamente a eles, mas não tive nenhum que me marcasse negativamente, portanto não, não tive.

E como é que era o ambiente das escolas por onde passaste e as condições?

A minha escola primária, das memórias que eu tenho…são boas, acho que da escola primária quase toda a gente, portanto, se lembra mais, desculpa, mais das brincadeiras, foi positiva. A escola básica, do e ano onde eu tive era uma boa escola, embora tivesse alguns problemas, havia alguns problemas a nível de ambiente, havia alturas que era um pouco pesado, sobretudo apanhava alunos de muitas zonas, de alguns bairros, embora nunca tivesse problema. Na minha escola secundária, na primeira parte da minha escola secundária, era uma boa escola, que era a Escola Secundária de Santo André no Barreiro, além de ser uma escola muito grande, mas tinha um bom ambiente. Quando mudei para a Escola Secundária da Quinta do Conde tinha bom ambiente, ou seja, tinha um bom ambiente, não dúvida, mas havia alturas que era complicado também era havia alturas que tinha pessoas que também tinha um pouco pesadas mas, mas escolhendo bem as companhias era uma escola espectacular, era.

Vamos passar um bocadinho para a parte do emprego, já sei que estiveste a trabalhar enquanto estudavas….

Exacto, exacto, também portanto quando estive a fazer, o melhor ano que eu tive foi o ano, quando acabei o 12º tive a fazer melhoria de nota, porque foram três cadeiras, à partida bastante tempo livre, portanto, fazia as cadeiras. Depois também praticava desporto, praticava basquete, jogava futebol em equipas federadas mesmo. Quando acabei, comecei a trabalhar, portanto, foi uma experiência nova para mim, tinha trabalhado um ou dois meses no verão com dezasseis anos mas não posso dizer que fosse uma experiência profissional, foi a primeira experiência mesmo a sério que eu tive activamente no trabalho, foi uma experiência nova mas acho que a fiz bem, com responsabilidade, apesar de ter dezoito ou dezanove anos fiz bem, portanto, portanto, comecei a trabalhar, portanto fiz enquanto estava a estudar à noite no horário pós-laboral, portanto tive sempre a trabalhar na mesma empresa, portanto é porque eles, de alguma maneira os agradava. Depois mudei para outro trabalho por iniciativa própria, portanto comecei a trabalhar noutro sítio também enquanto estudava. Posso dizer que a minha experiência profissional tive bastante sorte, nunca fiquei sem trabalho mesmo antes ou depois do curso, portanto tive sempre trabalho, fui tendo convites para trabalhar também, portanto o que se calhar demonstra se calhar algum reconhecimento do trabalho. Posso ter dito que tive, neste aspecto, tive uma questão de linha de sorte porque tive sempre trabalho, quando precisei e quando quis sempre arranjei e tive sorte de me manter em empresas portanto que nunca fecharam a meio do trabalho ou algo do género, portanto, posso dizer que desde os meus dezanove, dezanove anos até aos meus 33 anos, tive sempre trabalho, trabalhei sempre, trabalhei sempre sem parar.

Então e como é que chegaste a esses empregos? Procuraste tu? Foi por recomendação de alguém?

Hamm, o último

Como é que chegaste ao emprego?

Ah, ao emprego o meu primeiro emprego, depois deste emprego digamos sem grande formação, quando acabei o meu curso de nível 4 do Instituto de Aperfeiçoamento Técnico Acelerado, ainda antes de terminar o curso, nós poderíamos o Instituto tinha uma Bolsa de Emprego de Estágio em que podíamos inscrever e podíamos inscrever entre um ano a seis meses antes de terminarmos o curso e eu inscrevi-me seis meses antes de terminar o curso, mas por acaso foi por iniciativa própria que achei; depois portanto, nós tínhamos que ter um estágio profissional, na altura o estágio eram remunerados pelo IEFP. Por iniciativa própria encontrei uma empresa chamada Etiforma, ali na Avenida de Roma, em que eles estavam a pedir um medidor, na altura era um medidor orçamentista, eu ainda não tinha o curso, com experiência, eu disse, não tenho experiência mas vou , vou falar com eles e falei com, com o dono da empresa, é uma empresa pequenina, uma empresa que tinha três pessoas e disse que precisava do estágio e isso tinha muito interesse para as empresas porque o estágio era, como era remunerado pelo IEFP, ou seja a entidade patronal pagava 50% do vencimento e o IEFP pagava outros 50 e acho que eles tinham algumas regalias fiscais, ou seja, portanto era do interesse deles empregar neste caso, estudantes ou desempregados que tivessem este tipo de formação. Comecei a estagiar , tive a estagiar durante 9 meses, portanto que era a duração do estágio. Correu bastante bem, por acaso quando terminei o estágio que coincidiu na altura que terminei o curso mesmo eles até pediram-me para ficar. Entretanto depois recebi um convite dentro dessa área para trabalhar numa coisa na Charneca da Caparica, que é uma empresa que entretanto fechou, chamada Engifisi e tive durante 5 anos e meio, que coincidiu na altura que tava a tirar o curso depois na Universidade Nova de Lisboa e aprendi bastante a nível, a nível profissional aprendi bastante, aprendi o que era responsabilidade que é diferente do que é responsabilidade de escola, embora tenhamos que ter a responsabilidade da escola mas é diferente; como eu não fui à tropa, aquela situação de cumprir horários, a cumprir responsabilidade de tarefas, acho que foi bastante bom para mim aprender, embora vinha também um pouco de infância, da educação que tive; sempre educaram-me a ter responsabilidade desde novo... a minha mãe o meu pai mas é como te digo, posso dizer tudo bem que investi bastante, dava, dei sempre o meu melhor a nível profissional mas tive sempre sorte de calhar em empresas que realmente reconheciam o valor das pessoas embora sendo novo mas fazendo uma retro perspectiva tive sorte em ter apanhado se calhar as pessoas que apanhei até hoje .

E porquê Gestor de Projectos?

É assim, gestão de projectos neste momento é é o que eu faço agora não é? Foi, olhe foi um pouco, se calhar um pouco como eu disse na altura quando eu estudava, foi tudo um pouco um acaso, uma coisa leva à outra, o que eu faço neste momento é gestão de projectos que vinha um pouco da experiência que vinha do trabalho profissional que tinha, não sei se é através, por causa de responsabilidade ou algo do género. Depois inverti para uma área juntamente depois com o curso de relações internacionais, que até havia cadeiras que encaixavam com o curso técnico que tirei. Quando comecei a trabalhar na Eurodivisal, quando eu tive agora os últimos 8 anos, portanto, eles precisavam de uma pessoa que fazia gestão comercial, eu entrei como comercial, basicamente, embora tivesse mais do que isso e foi um avançar dentro da empresa, subir dentro da empresa, que cheguei a gestão de projectos até ao dia de hoje; neste momento fui contratado para outra empresa para fazer exactamente gestão de projectos. Falando agora um pouco mais da minha área específica, o que eu faço basicamente, nós temos projectos falando neste caso da Eurodivisal, antes de falar desta minha nova empresa, que era uma empresa de construção de interiores, a minha gestão de projectos era nós temos aqui um espaço, o cliente quer fazer emergir uma padaria por exemplo do nada, dum space, portanto e eu então o que eu faço é desenho esse projecto, defino o que o cliente quer fazer, portanto transformo isso num orçamento e o espaço que o cliente quer, portanto seguimos o projecto damos o orçamento ao cliente, em caso de aprovação faço o acompanhamento desde o inicio até ao fim da obra, portanto, recebendo sempre o feedback do cliente, trabalhando com fornecedores, prazos, entregas, com tudo o resto e portanto, depois ao nível de facturação também, portanto as facturas que tem que se pagar, que tem que se receber, portanto, basicamente é gerir todo o projecto do inicio até ao fim, portanto e apesar de ser bastante cansativo é gratificante também no fim veres o sonho de um cliente concretizado e tu fazeres parte disso. Também muitas dores de cabeça é verdade, quando as coisas não correm bem, mas é um trabalho como outro qualquer. (23m)

Voltando um bocadinho atrás, porquê o teu sonho de Relações Internacionais? (Ruído)

Relações Internacionais? Para , era uma coisa que se eu tivesse no curso que eu queria aproveitar a minha aptidão para línguas, portanto algo que pudesse desenvolver ou que pudesse utilizar de línguas estrangeiras que eu, que eu pudesse falar, essa, portanto logo por foi uma das razões que, que me fez optar por relações internacionais e depois era na altura também a diversidade de saídas que o curso poderia como eu nunca tive certeza do que é que eu queria, também não queria tirar um curso muito específico que me desse para aquela profissão ou para aquela área, ou seja é um curso que pode abranger podes tirar curso de relações internacionais ou outro curso do género e podes fazer uma coisa que não tem nada a ver com o teu, com o teu curso ou com a especialização que tiraste e isso também foi uma vertente que me fez optar por relações internacionais e vendo depois um pouco também e se calhar foi até um pouco de comodismo, vendo também um pouco as cadeiras para fazer e disse ok acho que não aqui uma que seja muito complicada. Interrupção da funcionária do café, informando que estavam a fechar Foi o que me fez pensar, acho que não vou ter muita dificuldade em acabar este, este curso e pelas saídas, pela abrangência de saídas que pudesse me dar, foi o que me fez optar também pelo curso. (24m30s) -- (Mudança de ambiente)

Ambiente dos trabalhos por onde passaste?

Ambiente dos trabalhos por onde passei, tive sempre bons ambientes embora fossem todos diferentes, até pelo ramo e pelo tipo de trabalhos, eu vou-te ser sincero, a nível pessoal o melhor ambiente talvez devia ser da minha juventude ou pela responsabilidade de ser menor do trabalho, os trabalhos iniciais acho que em termos de ambiente foram os que eram os ambientes mais leves, também os trabalhos não tem nada a ver com a especialidade que tenho hoje, mas eram trabalhos e também não, não necessitavam de pessoal nenhum, na altura nem tinha qualificações para isso, tinha o ensino secundário, mas, vou-te ser sincero, a nível pessoal, isto é uma opinião pessoal, eu acho que os empregos se calhar mais mal remunerados ou de menos responsabilidades, normalmente, não quero tar a dizer, normalmente acho que têm melhores ambientes do que os trabalhos de topo. Entre colegas, entre colegas acho que mais camaradagem entre colegas nos trabalhos com menos qualificações, tudo bem que a responsabilidade é diferente mas achei haver mais amizade e camaradagem nesse tipo de trabalhos do que propriamente nos trabalhos mais acima, não digo melhores, diferentes, com mais responsabilidade ou, ou que tens que ter mais qualificações para ter esse tal trabalho. Achei os ambientes dos trabalhos com menos qualificações. Actualmente a nível pessoal achei os trabalhos por onde passei, com menos qualificação o ambiente pelo menos de uma entre ajuda maior do que por exemplo dos trabalhos onde estou hoje, mas é uma opinião pessoal.

E porque é que achas que isso acontece?

Eu, se me perguntares a mim a minha opinião e como porque não sou nem mais nem menos do que ninguém, por acaso eu acho que foi uma óptima experiência minha ter passado por esse tipo, ou seja, ter trabalhado, portanto, ter colegas na minha área, por exemplo tão neste momento a trabalhar comigo, tiveram uma vida diferente, acabaram também se calhar uma classe media, media alta em que acabaram o secundário, foram imediatamente para a universidade e começaram logo a trabalhar no ramo através dos pais ou através de conhecidos. Não que não tenham mérito para trabalhar onde estão mas nunca passaram por trabalhos menos importantes, se é que é esse o termo, se calhar não podem comparar, eu como se calhar passei por esse tipo de trabalhos mais simples, remunerado com um ordenado quase mínimo, mas notei que as pessoas havia uma entre ajuda maior entre trabalhadores do que por exemplo em trabalhos de alta qualificação; não quero tar a generalizar mas a minha experiência profissional a mim diz-me isso não sei se é universal mas eu tendo a acreditar que os trabalhos menos qualificados, obviamente que sítios sempre que são maus independentemente da qualificação que os trabalhadores tenham mas por norma sou-te, se calhar se tivesse que apostar acho que havia mais, acho que melhor ambiente de trabalho entre colegas de profissões com menos qualificações do que se calhar colegas em trabalhos com qualificações, mas é, é a minha experiência.

E hobbies? O que é que fazes nos teus tempos livres?

Hobbies, olha até aos 25 anos tinha um hobbie, portanto que eu jogava basquete, fui federado no Sesimbra do Palmense que é da margem sul, no Seixal, no Seixal não, no Seixal fui a adaptações mas não tive, estive no Sesimbra e no Seixal, portanto o meu hobbie principal era o basquete. Antes disso praticava sempre algum desporto futebol. Também quando era novo também jogava muito vídeo jogos também vídeo jogos, nos dias de hoje não tenho tanto tempo livre para ser sincero, o meu trabalho ocupa-me muito tempo. Ao fim de semana tenho, estou mais com familiares e amigos, no caso prezo bastante isso, passo bastante tempo com com familiares, passo porque tenho que passar e gosto portanto, da família que for mais próxima, mas prezo muito passar tempo com as amigos mais chegados e de vez em quando sair à noite mas neste momento hobbie, o meu lazer acho que é o convívio neste momento, com amigos. Gostava de ter mais tempo para fazer por exemplo ir ao ginásio, houve uma altura que tive, tive durante três anos em que consegui conciliar o meu trabalho e o ginásio com alguma regularidade, neste momento não consigo, mas neste momento o pouco tempo livre que eu tenho tento passar ao máximo com, com amigos ou familiares.

E viagens?

Olha, foi uma das coisas boas que a minha vida profissional me deu, eu sempre viajei muito, quando tinha cinco anos tinha, embora não tenha memória, tinha conhecido a Europa quase toda o meu pai é imigrante, o meu pai trabalha quase trinta anos numa, numa empresa marítima holandesa, portanto o meu pai passa muito tempo na Holanda. Ele é cozinheiro, portanto são barcos que fazem interrupção porque fazem muito barulho no local onde estão mas como dizia, o meu pai como trabalha, o meu pai como trabalha num barco de mercadorias portanto internacionais, portanto ele viaja para muitos países durante o trabalho e eu quando nasci a minha mãe tava sozinha a cuidar de mim e então muita das vezes, o meu pai passa normalmente seis meses fora e depois passa dois três meses de férias e então quando eu era pequenino, antes de ir para a escola, por exemplo, no ultimo mês antes do meu pai vir para , nós íamos ter com ele ao barco dele e ficávamos com ele no barco durante um mês e o barco estava sempre a viajar e ele pôde conhecer alguns países tenho memória de dois, com cinco anos, muito vagas. A nível profissional, portanto é um osso do ofício mas foi um bom osso do ofício, fez-me viajar bastante. A minha empresa antes desta actual, tinha representações alemãs dumas marcas alemãs, francesas, inglesas, italianas de produto que vendem com exclusividade, portanto ou seja a empresa é a única a nível nacional que vende esse tipo de produtos e todos os anos, anualmente havia o encontro dos parceiros europeus, portanto a delegação portuguesa, a espanhola, a italiana e íamos ter à sede dessas representações portanto era dois dias, dois a três dias de formação e explicar como é que estava o nosso mercado de vendas, etc, o que o que me fez conhecer alguns países como Holanda, França, Inglaterra, Itália e Espanha, portanto fez-me viajar um pouco pela Europa e tínhamos algum tempo livre depois mesmo dentro dos timings, deu para conhecer alguns países centrais europeus, deu para conhecê-los.

O que é que achas que essas viagens te trouxeram?

Olha, o que me trouxeram, portanto além de, de conhecer um pouco os países, é sempre bom ter experiência com com pessoas de uma realidade diferente da tua, não necessariamente melhor ou pior, diferente, portanto podes ter dois países do mesmo nível económico mas serem completamente diferentes, as pessoas são diferentes e uma coisa que eu reparei em mim, nunca tive problemas em interagir com pessoas completamente diferentes, ou seja, de infâncias completamente diferentes, realidades diferentes, mas consigo interagir sem grandes dificuldades e até ter alguma empatia por essas pessoas, se calhar ver que sou um pouco sociável, eu pensei que fosse menos sociável mas acho que até tenho uma veia ligeiramente sociável, mas fez-me conhecer ou ver também como é que eu reagia ao falar com pessoas a nível profissional. Começavam por falar a nível profissional ou falar profissionalmente entre e ao fim do primeiro dia tavamos a falar sei , um pouco como tou a falar contigo embora tenha acabado de te conhecer, mas tava um pouco mais a vontade a falar com as pessoas, porque uma coisa é tu dizeres eu sou sociável com as pessoas que tu conheces é completamente, é muito mais fácil, outra coisa é tares por exemplo com cinquenta pessoas e eu na altura e eu sempre fui dos mais novos, portanto eram pessoas com quarentas, cinquentas até mais e conseguia falar com eles sem qualquer problema ou sentir-me receoso portanto e ver do lado de que as pessoas até sentiam alguma empatia perante a minha pessoa e foi bom descobrir essa veia de conseguir falar com pessoas com qualidades diferentes, independentemente da idade ou do grau académico que tenham ou da classe social que tenham, foi bom e porque ia sozinho na empresa, ou seja, nunca ia com mais um colega, eu ia sozinho representar a empresa e falar com eles, portanto, ou seja, caí um pouco de para quedas embora tivesse algum contacto, muito poucos, a nível telefónico e por email. É sempre diferente quando tens o contacto pessoal. fez-me enriquecer a nível profissional e até um pouco pessoal; depois reconhecer ou ver como é que eu interajo com pessoas doutros países, doutras realidades sem ter assim uma apresentação ou ter assim uma relação que se vai desenvolvendo; tens aqueles três dias e tens que interagir com eles, bem ou mal. Foi bom e foi bastante bom a nível pessoal e profissional também, claro.

E as origens? Já conheceste Cabo?

Conheci, fui fui, deixe-me ver assim para não te enganar, fui quatro vezes para Cabo

Com que idades?

Fui a primeira vez era muito novo, tinha cinco anos a primeira vez que fui, portanto tenho memórias muito vagas, portanto ainda antes de começar a escola. Fui depois com, fui depois com catorze ou quinze anos, portanto tenho memórias mais vivas e algumas memórias. Fui depois com vinte e um anos e fui quatro anos atrás quando tinha vinte e nove anos, exacto, foram as quatro vezes que eu fui para Cabo.

Qual é a tua relação com Cabo Verde?

É muito boa, adoro Cabo Verde, Cabo Verde sempre foi risos agora que fazes essa pergunta é engraçado, por exemplo, olha, Cabo Verde eu vou dizer, eu nunca tive problema, nem é um problema a primeira vez que tomei consciência que tinha, quer dizer, sempre tive consciência de que era da origem dos cabo-verdianos. A primeira vez que essa realidade me atingiu foi quando estava não me recordo, na ou na classe a minha professora chamou a minha mãe à escola na altura a minha mãe depois disse-me que acho que era por causa. Eu não sei porque é que foi porque, sabes que muitas famílias caboverdianas em que os filhos falam crioulo com os pais. Na minha, até, foi na primeira classe e eu por acaso não tenho essa memória, agora que me disseste é que não me lembrava disso, até à minha primeira classe a minha mãe falava comigo sempre em crioulo, falava sempre em crioulo. Falava português, falava com um miúdo normal de cinco anos e eu não reparei e a minha professora da classe quando chamou a minha mãe disse-lhe, disse à minha mãe, se calhar para tentar falar português porque pelo que eu me lembro eu acho que de vez em quando falava crioulo no meio do português, ou seja, estava a falar português com os colegas ou com a professora e de repente mudava para crioulo sem me aperceber e não sei e foi por causa disso que depois ficou para sempre entre aspas, os meus pais para mim e para o meu irmão, depois falavam sempre português comigo. quando estavam chateados, eles falavam tudo em crioulo, mas depois em casa falávamos sempre em português, portanto que ainda hoje falo português com a minha mãe e com o meu pai, embora eles muitas vezes, hoje não, hoje muitas vezes respondem-me em crioulo mas eu falo sempre português com eles e eu e o meu irmão falamos português, embora percebo o crioulo perfeitamente e falo crioulo, mas, acho que foi na primeira classe com seis anos que eu tive a realidade de Cabo Verde porque me atingiu de certa maneira, de resto sempre tive uma relação óptima com Cabo Verde. Nunca tive vergonha das minhas origens, sempre foi pacifico apesar de, de a minha realidade toda ser portuguesa, porque eu nasci e a minha juventude, a minha infância, a minha fase de luta foi toda passada , mas tenho, tenho, tenho um sentimento muito bom por Cabo Verde, porque apesar de não ser o meu país, onde nasci, mas 100% das minhas origens vêm de , portanto ou seja, eu posso dizer sou caboverdiano que não nasci , portanto, acho que é a diferença, porque se a minha mãe e o meu pai são cabo-verdianos, se eu nascesse , a pessoa em si, a fisionomia seria sempre igual, obviamente se uma pessoa diferente nascesse muitas vezes quando vou para Cabo Verde às vezes a falar com os meus primos e amigos que fiz , tenho bastantes, eu dizia, ah sou tão caboverdiano como vocês mas a única diferença é que eu nasci em Portugal, mas as minhas origens são todas iguais como as vossas, os meus pais são de portanto a nível de sangue sou 100% caboverdiano. Obviamente que a realidade, a educação é diferente por eu ser doutro país mas, mas adoro Cabo Verde, não, nem, não ponho nem mais nem menos do que ser português, apesar de ser português e ter toda a vida , mas considero-me tão caboverdiano como português.

Eras capaz de viver em Cabo Verde, então.

É isso passou-me e ainda hoje essa hipótese de ir trabalhar para Cabo Verde, mas sempre tive essa, não foi essa opção, sempre tive isso como equação de poder ser uma realidade algures no futuro da minha vida, se bem que eu tenho a noção que e muita gente tem essa noção, que é a imagem que temos do país. Quando vamos de férias é diferente de como quem vive , eu tenho, eu tenho essa noção até porque eu estando em Portugal, tenho muitos primos meus e familiares que vinham de férias para Portugal, de França, Estados Unidos, tenho família espalhada pelo mundo todo, Itália e apesar de Portugal ser um país bonito, isso não está em causa, eles quando vinham de férias, é , que Portugal, que isto era o paraíso e que queriam aqui viver e eu percebi porque eu sei, apesar de saber o que é que Portugal tem de bom, eu sei que a imagem que eles estão a ter de Portugal, porque depois nas férias eu levava-os a mostrar os sítios normais e depois criasse aquele, aquela imagem daquele país que é aquilo, que é tudo muito bom e eu percebia neles o, o que eu tinha da imagem de Cabo Verde se eu fosse trabalhar para , a imagem que eu tenho de Cabo Verde é óptima porque é de férias, que eu vou durante um mês, a praia, sair à noite, é tudo o que Cabo Verde tem para oferecer basicamente é o turismo, para quem vem de fora. Nós conterrâneos é diferente, mas eu sei a imagem que se cria quando se vai de férias para Cabo Verde, sei o que é que é, sei não, presumo que seja e sei com algum conhecimento o que é que é estar a viver num país como Cabo Verde, mas não não é algo que me assuste. Decerto se houver uma boa oportunidade, se houver uma situação que se proponha que eu conheço muitos sítios não, dizem logo, não, não é ir viver para Cabo Verde não ou ir viver para Cabo Verde não. Nunca foi algo, nunca assumi essa posição onde o não é garantido, não é difícil ir trabalhar para Cabo Verde, a realidade também, mas se, se proporcionasse, se uma boa situação, não me assusta ter que ir trabalhar , tendo em consideração isto tudo que eu disse não é? Se calhar depois estando até posso mudar de ideia mas neste momento, nunca foi algo que eu dissesse não, ir para Cabo Verde é de todo impossível, nunca pus as coisas nesses termos.

Que tradições é que os teus pais mantêm?

Têm, têm bastantes, olha começa pela alimentação, embora a nossa alimentação claro é maioritariamente europeia, portanto não comemos pratos africanos todos os dias como é óbvio, mas muitas das vezes, principalmente ao fim de semana, por exemplo agora também alguns anos que vivo sozinho mas mesmo quando vivia com os meus pais, especialmente ao fim de semana, notava-se pois mais a cultura, a influência caboverdiana por exemplo na alimentação, que eram os pratos culturais do país. O pequeno-almoço e o lanche, certas coisas que Cabo Verde é que faz portanto, mas nunca, a minha e do meu irmão, nunca tivemos uma alimentação, algo que fosse quase sempre caboverdiana; foi muito europeia, portuguesa e depois tinha, quando se proporcionava, que era bastante ou em ocasiões especiais, por exemplo no Natal, no Ano Novo ou no aniversário de alguém, a influência caboverdiana na, na alimentação por exemplo.

Música…

Ah, música sim

Culturalmente o que é que…

Isso, a nível cultural sim, quer dizer, a música, muitos anos que a minha vertente favorita obviamente que é a música caboverdiana, africana, mas até aos meus dezassete anos, quando morávamos no Barreiro, tive grandes amigos, mas a zona onde eu estava não tinha muitas pessoas de cor, tinham bastante poucas, tinha depois um vizinho, uns vizinhos que moravam abaixo, nós morávamos num prédio no segundo andar, tínhamos depois uma família que também, que era caboverdiana, que morava no primeiro andar de baixo de nós, é e depois posso dizer que num raio sei , eu não quero exagerar, cinco quilómetros quadrados, não havia mais nenhuma família africana, era tudo famílias portuguesas portanto e até aos meus catorze quinze anos, a influência que eu tive da música africana era muito através da música dos nossos pais, que é um pouco mais antiga, os meus pais, um pouco mais antiga e então fui muito influenciado pela música normal europeia que os portugueses ouvem portanto, muito à base do Rock. Depois, aos quinze dezasseis anos comecei a ouvir mais música africana, balanceada com música europeia, mas aos dezassete anos quando mudei Quinta do Conde, a Quinta do Conde tem uma, tem uma população africana muito grande, portanto muito grande, e foi quando imergi mesmo totalmente na música africana mas sem nunca descurar outros géneros de música, mas maioritariamente neste género é o que a nível musical, se me disseres qual é o meu género musical favorito, é, é a música africana.

E culturalmente como é que achas que são os caboverdianos?

Culturalmente como é. é assim, para mim é complicado porque eu como conheço , uma ideia geral, ou seja uma linha em que normalmente os cabo-verdianos são todos muito parecidos, mas é que grandes diferenças. Cabo Verde é um arquipélago com várias ilhas e quem de fora, quem não sabe, quem nunca foi a Cabo Verde, os cabo-verdianos que conhecem daqui. diferenças muito grandes entre os cabo-verdianos de uma ilha para a outra, mas em termos gerais como eu vejo os cabo-verdianos, normalmente, normalmente são bastante sociáveis, bastante divertidos eu gostava de dizer, ou seja, uma geração se calhar antes da nossa, era uma geração bastante trabalhadora, bastante trabalhadora. Eu vejo pelo não tio mas pessoas da idade dos meus pais; posso dar-te o exemplo do meu pai, o meu pai foi para a Holanda, o meu pai fez dezasseis anos na Holanda, foi trabalhar na empresa onde hoje, ele foi fazer dezasseis anos no barco, o meu pai com cinquenta e seis anos, portanto desde os quinze anos até aos cinquenta e seis, desculpa cinquenta e seis não, cinquenta e oito, sempre trabalhou, portanto, sem parar; a minha mãe também sempre trabalhou, quando pôde e quando não pôde; em casa muito trabalho, tanto ou mais do que as pessoas que têm um trabalho normal. As novas gerações acho que a geração onde eu me insiro, acho que é quase onde faz a clivagem, porque eu hoje não posso dizer, ou seja, se for perguntar a alguém, , isto parece um pouco, não cabo-verdianos, mas isto é opinião pessoal, as novas gerações e a nossa, minha falhou um pouco, não tem os valores que tinha, por exemplo, a geração dos meus pais e antes de levavam o trabalho muito a sério, há-de ser a segunda ou terceira coisa mais importante na vida mas, em geral, se me perguntares, sem individualizar, acho pessoas bastante sociáveis, felizes e ainda posso continuar de qualquer das formas, ainda trabalhadora de qualquer das formas, ou empenhada .

E em que é que te identificas com a cultura caboverdiana?

Com o que é que me identifico? Eu posso dizer com o que é que acho que me identifico, se calhar, eu sei com o que é me identifico identifico-me com com a cultura, com a cultura caboverdiana embora a cultura, embora seja um país pequeno, tem uma cultura bastante vasta, portanto, a cultura de um país por exemplo como a, um país como a ilha, a Ilha de Santiago, é diferente, por exemplo da ilha dos meus pais, os meus pais são da Ilha de São Nicolau, portanto é uma ilha que vive basicamente à base da, da agricultura, da pecuária, portanto ou seja é muito rural e é uma realidade completamente diferente por exemplo, da capital de Cabo Verde que é Santiago ou São Vicente, que são ilhas mais cosmopolitas, mas posso dizer que identifico-me muito no convívio entre família, portanto, foi um dos valores que, com que eu cresci e e se calhar por isso é que eu sou tão apegado à família e se calhar por isso é que também dou muito valor aos amigos mais próximos. É o valor de família, o convívio, um pouco se calhar a responsabilidade com que temos que ter perante a vida.

E em relação à cultura Portuguesa? O que é que achas que são as características principais e com o que é que te identificas mais?

É a cultura portuguesa é a cultura com que eu é a cultura que eu tenho mais porque alturas é a cultura com que eu cresci e absorvi, até um certo conflito, não é conflito, mas então quando vou para Cabo Verde, as vezes dizem que eu não sou caboverdiano, se calhar porque eu tenho experiência ou maneira de estar, que é a área com que eu estou mais e tenho que estar e não noto, que é a vivência portuguesa vou ser sincero, os amigos próximos não, mas se queres assim sinceridade total, quantos amigos tens, eu posso dizer-te que se calhar setenta por cento do, do meu núcleo, o meu amigo mais próximo ou mais afastado, é portuguesa, depois tenho um núcleo muito muito menor de, de amigos, familiares não como é óbvio, familiares é quase tudo africano e realmente caboverdiano, mas é normal que tenha um a cultura portuguesa faz parte da minha vida, não consigo dissociar, não consigo dizer que tenho a cultura caboverdiana em mim, porque é mentira e até sou capaz de ter mais cultura portuguesa do que caboverdiana, embora se calhar a cultura caboverdiana tenha mais influência em mim como pessoa, tas a perceber? Sei que isto parece ser contraditório, mas do que a cultura portuguesa, mas é assim, a cultura portuguesa, das culturas que eu conheci e por exemplo da Europa, a cultura portuguesa tem muitas coisas boas, é uma cultura também muito rica e sim faz parte, faz parte da minha pessoa, porque foi com ela que eu cresci e foi com ela que eu desenvolvi, quase tudo o que tenho, ou quase muito de mim é da cultura portuguesa

Diz-me características específicas.

Da cultura portuguesa? ... Características da cultura portuguesa olha uma característica que tenho muito da cultura portuguesa, que eu ganhei é ir muito, por exemplo, olha beber café risos, bebem muito, mas, a cultura de que eu gostei característica que eu tenha da cultura portuguesa boa pergunta

Podes falar o tempo que quiseres…

Sim, sim, muita coisa tás-me a fazer perguntas que acho que nunca me fizeram sabes?

A ideia era essa? risos

Então olha, tás a ir muito bem. risos É , olha eu vou-te ser sincero eu, eu não te sei responder mas eu sei que eu tenho, eu tenho que ter características portuguesas em mim embora eu não consiga dizer, porque por exemplo eu quando tou em Cabo Verde, tenho muitos primos da minha idade e que me dou bem e até amigos da minha idade isto, agora não tanto mas quando era mais novo diziam, é que eles diziam que eu não era caboverdiano eles diziam que eu era português, eu nunca, na altura não percebia porquê e se calhar na minha maneira de ser que é apesar de de, cada um tem a sua maneira de ser, mas havia características que se calhar eles consideravam europeias, embora isso tenha a haver também com outras questões. Depois eu tentei descobrir em Cabo Verde, por exemplo quando as pessoas vão de férias para , muitos cabo-verdianos, olha se calhar agora voltando ao que pedias, mas muitos cabo-verdianos, principalmente os que nascem , que têm um pouco a mania da superioridade quando vão para , que são mais do que os cabo-verdianos que estão e se calhar foi por isso que entretanto às vezes diziam que a maneira como eu me comportava, não era perante eles mas não sei o que faria porque até me dou muito bem com eles e tou sempre com eles e isso se calhar pode ser uma característica negativa portuguesa ou se calhar barra europeia, que é se calhar de se acharem superiores aos africanos. Isso é uma parte negativa mas não exclusiva portuguesa, mas, europeia, principalmente europeia e , um pouco mais diluída, um pouco menos forte do que antigamente mas ainda se sente e umas das…coisas que toda a gente deve ter bastante cultura, bastantes características portuguesas, porque me foram quer dizer, me foi dito várias vezes em que não me consideram por exemplo um africano, consideram-me um português como eles, como eles portugueses e nunca percebi porquê mas talvez seja porque se calhar comporto-me muito como eles também, sem dar conta porque é como eu disse, a realidade é que eu também cresci com esta realidade portuguesa e mesmo assim ainda tou a pensar qual é uma característica portuguesa com que eu me identifique e eu, todas estas coisas que estou a dizer, que me caracteriza com, com características portuguesas e eu não te consigo dizer uma característica com que eu acho que me considere ou que tenha em mim como português é interessante olha não te consigo responder sinceramente.

Então vamos pelo lado do negativo, se calhar assim, indo pelo lado negativo chegas ao positivo.

Exacto

Quais são as características que tu achas que os portugueses têm de, negativas?

Negativo olha, eu não sei se a característica, eu falo como característica portuguesa e não é deles, não estamos a falar porque é portuguesa, mas uma coisa que eu achei muito na característica portuguesa…há muito materialismo na generalidade, na cultura portuguesa, eu acho que negativamente, parte ou muita das pessoas que eu conheço, não quero necessariamente dizer que sejam más pessoas, mas que são bastante materialistas, eu acho que é uma e encontrei isso em várias pessoas que eu conheci portuguesas, que têm características portuguesas e eu conheci; foi uma característica que realmente apanhei bastante portuguesa, negativa. Não deverá ser, não deverá não, de certeza que não é uma característica que caberá exclusivamente a Portugal, mas foi uma característica que que encontrei bastante, para o bem e para o mal, mais para o mal como é óbvio, mas é uma característica em que as pessoas são bastante materialistas, ao nível de característica portuguesa. Mas uma característica boa que eles têm, eu posso dizer, muitos portugueses são sociáveis, uma característica portuguesa, de portanto, da europa também é um país latino, também ajuda bastante, mas comparado está por exemplo, através da minha experiência profissional e de, das viagens que eu fiz também de férias, os portugueses têm uma característica bastante positiva, são bastante mais sociáveis, do que por exemplo com um alemão ou com, com um austríaco, isso eles têm, portanto, acho que é uma boa característica que têm, são bastante sociáveis.

E identificas-te com isso?

Sim, é , eu identifico-me mas eu não sei se esta característica, por exemplo foi através da realidade portuguesa, porque por exemplo o meu pai, o meu pai é uma pessoa que toda a gente considera uma pessoa bastante sociável, tanto que os meus familiares, os meus tios, os meus avós dizem que eu puxo muito ao meu pai. O meu pai é bastante sociável mas é uma pessoa mais tímida e a realidade que o meu pai teve, como formação e como pessoa o meu pai veio para Portugal em adulto, portanto ele não teve, ou seja, ele não se formou, como pessoa com a realidade portuguesa ou com as características portuguesas, portanto ele veio com a pessoa formada, portanto, e se ele é bastante sociável, não foi por causa de Portugal, portanto eu também não sei até que ponto apesar de achar que Portugal tem essa característica de serem bastante sociáveis, não sei se foi através, se foi hereditário do meu pai ou se foi mesmo pela característica de tar a lidar com pessoas aqui de Portugal, que são sociáveis e depois apanhei, portanto, porque por exemplo a minha mãe é uma pessoa muito menos sociável, não digo menos sociável, mais acanhada, mais tímida e o meu irmão apanhou essa vertente da minha mãe e portanto somos pessoas, temos eu e o meu irmão temos valores muito parecidos mas somos pessoas muito diferentes, nem sei, até somos parecidos mas na forma somos muito diferentes, eu posso-me considerar, sou uma pessoa relativamente sociável, agora não te sei dizer, se calhar é um misto entre hereditário e se calhar com o convívio que eu tive com as pessoas daqui, através dessa característica da sociabilidade dos portugueses.

E que valores é que os teus pais te transmitiram que tu gostarias de transmitir a gerações futuras?

Sim, transmitiram, transmitiram-me bastantes valores descrever em palavras, eu posso descrever em palavras os valores, principalmente o valor do respeito, os meus pais, sempre tive um respeito muito grande por todos temos, mas sempre respeitei os meus pais e sempre foi imposta, imposta mas de uma maneira natural, nunca foi imposta tipo ditadura, ou seja, em casa haver respeito entre todos. Os valores familiares também, acho que é uma característica que os cabo-verdianos têm muito boa que é a família, portanto o valor da família. Outros valores que me passaram em casa, isto até pode parecer cliché mas foi praticar, realmente praticar o bem, sabes? Praticar o bem, parece, parece uma coisa, ah isto é obrigatório todos os pais passarem para filhos e se calhar é mas se calhar a maneira como eles me passaram essa informação ou esses valores, não tou a dizer que sou santo, nem pouco mais ou menos, todos nós erramos, mas realmente foi um valor que eles tentaram passar a mim e ao meu irmão, porque mesmo quando eles erravam, diziam, olhem nós fizemos isto mal mas vocês não devem fazer isto, foi uma coisa que eles tiveram cuidado. Vendo agora em retrospectiva, foi uma coisa que eles tentaram nos passar, era de sempre que possível ou ou tentar sempre ao máximo praticar o bem são os valores, é, família, respeito e praticar o bem. Se me pedires as mais, as que vêm à memória são estas três e que gostava de passar, obviamente para gerações futuras.

E amigos? Já me disseste que a maior parte do grupo de amigos é português, não é?

É isto é complicado porque é assim, eu sempre tive. Um bocado complicado. A nível social posso dizer que sou bastante feliz, embora tenha muitos amigos, embora considere os meus amigos as pessoas mais próximas, muitos conhecidos assim é que é, mas tenho um grupo de amigos e esse grupo de amigos desenvolveu-se mais quando mudei Quinta do Conde, também é verdade que com dezassete anos é diferente, começas se calhar a fixar mais as amizades do que mas por exemplo eu tenho uma, tenho um amigo meu, que é um dos meus melhores amigos se não o melhor, que é da minha idade, que é onde morávamos no Barreiro, portanto, morava no andar de baixo, eu sou nove meses mais velho do que ele; nós fomos pré-primária juntos, andamos na primária juntos, fizemos metade do ciclo básico juntos, aprendemos a andar juntos na piscina quando fomos ter aulas de piscina, andamos juntos no karaté, jogamos à bola juntos; entretanto a família dele mudou Quinta do Conde primeiro do que nós por coincidência, eles mudaram. Nós Quinta do Conde, seis ou sete anos depois deles e encontramo-nos no, na escola no secundário e acabamos o secundário juntos e até hoje, depois entretanto seguimos vidas profissionais diferentes, portanto e até hoje somos não sei se ele é o, melhores amigos, eu não gosto de tar a considerar o meu melhor amigo mas é uma das pessoas mais próximas como amigos. Na Quinta do Conde desenvolvi um, um núcleo de amigos e amigas que por acaso são mais africanos, mas foi por acaso, não é, não é uma condição minha para seres meu amigo teres, isso não, não faz sentido. Coincidiu talvez se calhar pela proximidade dos valores culturais, isso depois também influência inconscientemente, quer queiras quer não, porque se calhar tás a falar de coisas que o português não e vice-versa e vice-versa, mas o meu núcleo de amigos mais próximos é é quase todo africano, não cabo-verdianos, mesmo angolanos e de Moçambique, vendo que o caboverdiano tem uma percentagem maior mas não é, tenho bastantes amigos por exemplo angolanos, do meu núcleo duro a maior parte é caboverdiano, mas incluem-se alguns angolanos e alguns portugueses também. Fora do núcleo duro a maioridade obviamente que é portuguesa.

E até que ponto achas que os teus amigos mais próximos influenciaram as tuas escolhas?

As minhas escolhas influenciaram, sabes eu, eu acho que eu tenho este defeito, agora que falas nisso e se calhar até é mais fácil falar contigo porque eu te conheci hoje e éramos desconhecidos e ainda somos de certa maneira, tou a contar coisas a ti que normalmente não conto a um estranho, é normal e tu se calhar daquele lado não tas a ouvir coisas de um estranho que eu tou te a contar, não é? Portanto, as vezes é, as situações que se proporcionam, mas eu nunca fui muito de de expor digamos, mesmo tendo amigos muito próximos, até mesmo entre familiares, com os meus pais, ou seja de expor muito dúvidas ou escolhas que eu tenha e que me influenciam, obviamente houve situações que em que me aconteceu, mas, eles podem-me ter influenciado se calhar nas minhas decisões, disto ou daquilo, sem eles terem noção sabes, ou de conversas que eu esteja, com algum, seja pela minha pessoa, para mim concretamente mas se calhar ou de opções deles ou de tarmos a falar e eles estarem a expor uma experiência qualquer tipo que tiveram e com base na opinião deles ou no que lhes sucedeu, se calhar influenciaram- me tomar uma decisão a ou b. Nessa vertente eles influenciam-me bastante, porque agora para dizer, olha tenho uma duvida, o que é que vocês acham de, o que vocês acham, nunca, nunca fui de expor essas questões assim, foi mais como disse, se calhar numa conversa eles dizerem, imagina, se eu tou a pensar trabalhar naquela empresa e disse, é tive a trabalhar ali, não gostei daquilo e eu antes de perguntar aquela pergunta, se calhar ele me a influenciar sem ele saber, é um pouco assim que eu é um pouco assim que eles me influenciam e a opinião deles sim, conta e uma pessoa mais afastada, a opinião não me vai, não me vai pesar tanto na minha decisão.

Quantas pessoas licenciadas, mais ou menos, é que conheces no teu grupo de amigos?

Pessoas licenciadas do meu núcleo duro de amigos, tenho poucas, no núcleo duro de amigos tenho, se eu te for dar uma percentagem, bom, eu vou considerar do meu núcleo de amigos alguns familiares da minha idade, primos não é que eu faça distinção entre amigos e familiares mas é que não te sei dizer a relação que eu tenho com familiares, acho que pelo menos falo por mim, quer se queira quer não é sempre diferente, não tou a dizer que é melhor ou pior, é diferente da relação de ter amigos próximos, tanto que situações em que se calhar tou mais à vontade quando falo por exemplo se calhar com algum amigo próximo do que propriamente com um familiar, portanto eu não tou a dizer que os familiares são sempre melhores do que os amigos, até nem faço essa distinção; são porque são mas não, não é por ser um familiar que eu vou gostar mais ou, ou vou torcer por um familiar porque é meu familiar, em, em detrimento de um amigo portanto, mas, eu posso dizer-te que se eu tivesse que avançar uma percentagem, se calhar vinte por cento do meu núcleo duro tem curso superior e oitenta não tem, muitos têm o ano, muitos têm o 12º. Sabes que eu, quer dizer não sei se pessoas, quer dizer, pessoas que sei que fazem isso mas a mim nunca foi um critério que para ser meu amigo, o grau de escolaridade, aliás não faço distinção, portanto é a pessoa em si, por isso é que se calhar a maior parte dos meus amigos mais próximos, se calhar não, não é por isso mas é uma, é uma coincidência, agora, vendo agora quando me perguntaste, a maior parte dos amigos próximos não têm curso superior, é capaz de ser oitenta por cento não têm e vinte por cento terem curso superior.

Achas que o teu percurso foi de alguma forma planeado?

O meu percurso, pessoal? De vida, não e foi uma coisa que quer dizer, houve por exemplo uma linha de orientação como é óbvio. Eu posso ser sincero, quando eu aos vinte e oito anos é que eu se calhar ganhei alguma metodologia de organização se calhar um pouco por causa da vida profissional, pode ser para a vida pessoal. Tive sempre uma linha de orientação até aos dezoito, até aos dezoito não, até mais, aos vinte anos, pelos meus pais que era, tens que acabar a escola e por onde der tens que acabar a escola

Acabar a escola, 12º?

12º e depois é assim, se não quiseres seguir, se não quiseres continuar a estudar tens que trabalhar, portanto isso foi sempre estipulado pelos meus pais, portanto essa linha tive sempre durante a minha adolescência, sabia que tinha que acabar o secundário e quando acabasse o secundário ou ia trabalhar ou ia estudar; acabei por fazer as duas coisas ao mesmo tempo risos, mas agora eu pessoalmente essas duas situações de acabar o secundário e depois ter de estudar ou trabalhar portanto, logo desde cedo foi-me imputado de uma maneira pacífica, de uma maneira normal portanto, tive isso sempre como objectivo desde os meus dez, onze anos portanto, sabia que tinha que ter esses objectivos cumpridos mas nunca tive aquela situação de dizer é pera , vou parar, ok eu tenho que acabar o 12º daqui a dois anos tenho que ir tirar um curso superior, entretanto acabo e em 2004 por exemplo tenho que ter o curso superior terminado e em 2005 tenho que tar a trabalhar, em 2010 tenho que ter casa comprada, em 2012 quero casar, nunca fui, nunca fui apesar de ter sempre, tenho que ter sempre algum objectivo ou alguma linha que me oriente a nível de vida, mas nunca fui de estipular rigidamente, prazos e timings, para

A longo prazo…

Exacto, é, é, é um pouco assim

Agora fala-me um bocadinho de como é que era a tua área de residência… ou as tuas áreas…

A minha área de residência, olha a minha primeira área de residência que é no Barreiro, que é onde eu tive até aos dezassete anos, era, era uma área, era uma boa área, pacífica, tive a sorte, ou não, tive a sorte de, onde cresci ter bastante, bastantes rapazes da minha idade portanto, apesar de na nossa infância, de eu e o meu colega sermos praticamente os únicos de descendência africana portanto, tavamos sempre era com amigos portugueses portanto, nascidos , de origem de , mas sempre nos demos bem, super amigos. Foi uma infância, foi uma, uma zona pacífica, era na Quinta da Lomba mais especificamente, perto do Barreiro, havia zonas, mas ficava a sete, oito km, que eram zonas mais problemáticas, que era a zona por exemplo da Baixa da Banheira e o Vale da Amoreira, mas nunca tive muita influência nessas zonas, portanto, mas na Quinta da Lomba até aos meus dezassete anos foi uma zona bastante boa, tenho boas memórias, foi uma infância feliz, posso dizer segura, infância feliz, segura. Quando mudei para a Quinta do Conde, a Quinta do Conde sei , parece como num filme, aquilo parece que tem um, tem um melhor e tem o pior, foi onde eu conheci as melhores pessoas, fora da minha família toda, conheci-as. E ainda até hoje, onde conheci as melhores pessoas foi na Quinta do Conde e ao mesmo tempo é uma zona que hoje diferente da de quando eu, quando eu tava na escola, hoje bastante diferente, hoje bastante mais cosmopolita, mas na altura era uma, era basicamente uma vila portanto, quase que não havia estradas, sei portanto, agora é que desenvolveu bastante e havia sempre, havia sempre dois mundos dentro da Quinta do Conde, havia o mundo que era o bom, entre aspas e depois havia, a outra parte que era mais problemática portanto, companhias pesadas, ambiente mais pesado, mas o mais incrível para mim e para o pessoal, é que da parte boa as pessoas que eu conheci foram das melhores que eu conheci até hoje e muitas dessas pessoas, que eu conheci na altura, fazem parte hoje ainda, ainda hoje fazem parte do meu núcleo duro de amigos portanto mas se me dissesses era uma zona se voltasse atrás, mudava para a Quinta do Conde, se não era opção minha, foi dos maus pais mas não, não me arrependo, ou na altura quando mudei do Barreiro para , fiquei um pouco com o atrás mas, mas vendo hoje em retrospectiva faria a mesma coisa sem qualquer problema.

E a relação com os vizinhos era de…. não estou a falar dos vizinhos da tua idade… dos pais….

Sim, sim

Era de proximidade? Havia aquele carinho uns pelos outros ou não?

Sabes que a Quinta do Conde era, não sei se conheces a Quinta do Conde a Quinta do Conde é uma zona de moradias, ou seja, tu se fores à Quinta do Conde tu vês ruas com três km de comprido e é moradias de um lado e doutro. A relação entre vizinhos é diferente, por exemplo quando nós tínhamos no Barreiro, morávamos num prédio, em que tinhas que obrigatoriamente, entre aspas, tinhas que conviver com vizinhos, nem que te cruzasses nas escadas, tinhas de dar pelo menos bom dia, boa tarde, boa noite, era diferente. Na Quinta do Conde se tu te quiseres isolar e não quiseres falar com vizinhos podes dar-te entre aspas a esse luxo, porque vives numa moradia, tens o teu quintal, metes o carro dentro do teu quintal, ou seja, tu vais para casa, não te cruzas com ninguém, mas por acaso, falando dos meus pais, nós tínhamos dois vizinhos, tínhamos, nós tínhamos a nossa moradia, havia uma moradia colada à moradia dos meus pais e havia outra moradia de frente, na altura quando nós quando eu mudei para a Quinta do Conde, portanto nós tínhamos dois vizinhos e o convívio sempre ou algumas vezes, o convívio até poderia ser, não digo melhor, poderia ser mais intenso mas, mas foi um convívio pacífico. Cordialidade, se tivermos se alguém precisar de ajuda podiam ajudar mas mas não foi um convívio muito. Vendo os meus pais, não foi um convívio muito intenso assim com grandes experiências mas era pacífico, era bom dia, boa tarde, falávamos, não é o convivo por exemplo, como nós tínhamos no Barreiro, como nós morávamos no segundo piso, bem que a família também era caboverdiana no primeiro piso e havia um convívio muito maior, está se calhar também a relação cultural também ajuda, está, ajuda de certeza bastante mas na Quinta do Conde foi, foi um convívio normal entre vizinhos, nada de especial isto falando dos meus pais

E moraste sempre com os teus pais ou tiveste algum tempo a morar fora ou sozinho?

Não portanto, sempre tive a morar com os meus pais basicamente com a minha mãe porque num ano, um ano tem doze meses, o meu pai passava normalmente oito a nove meses fora portanto, o nosso convívio era muito eu e o meu irmão com a minha mãe portanto, e quando o meu pai vinha portanto, dois a três meses por ano, foi isso até aos dias de hoje o meu pai ainda hoje trabalha portanto, muita da nossa da nossa infância ou da nossa educação vem da minha mãe, portanto, apesar de o meu pai estar sempre presente quando estava e de sempre telefonar e tudo o resto, na altura não havia internet, mas muito da nossa infância foi com, com a minha mãe e mas foi uma infância, foi uma infância boa, desculpa, esqueci-me da tua pergunta…perdi-me, tu ias-me perguntar

Se tinhas vivido sozinho sempre…

Ah, vivi, não, mas vivi sempre com os meus pais até aos, até aos, vou-te dizer para não te enganar, até aos vinte e nove anos, até aos vinte e nove anos, foi então quando mudei para a minha casa, mudei, primeiro ficava um pouco longe, para o Montijo que fica a cerca de vinte km e coisa de no meio, mudei-me agora para a Quinta do Conde mas a minha infância, adolescência e , inicio da minha fase adulta foi vivida sempre na casa dos meus pais, sim, sim

E em relação a discriminação, algum, sentiste algum tipo de discriminação por morares onde moravas, ou sei lá, pela cor da pele ou por qualquer outro motivo?

Sim, eu acho que é difícil, eu vou ser sincero, para, de toda a experiência e de muito que me falaram, eu acho que tive algum, algum não, tive muita sorte de não ter tido a infeliz experiência, embora tive algumas, tive eu acho que é difícil, mesmo que seja qualquer, mesmo que tenha nascido em Portugal, nunca ter, experienciado algo uma vez na vida isso tive agora houve experiências de pessoas que eu sei que foi muito piores do que eu, tive se calhar sorte de não ter em quantidade essa experiência, embora tive algumas mas, mas sim tive, tive duas ou três experiências menos positivas e depois tive se calhar aquelas experiências que se calhar a mim até me afecta mais, afecta-me mais quer dizer, afecta-me mais, que é o o tu saberes que pessoas que são racistas, quando te dizem a ti que não te consideram como um africano, ou seja, se calhar pensam que tão a fazer um elogio e eu por acaso levo isso de outra forma completamente se calhar, até levo, encaixo menos esse tipo de elogio da parte deles, do que se calhar um que me diga frontalmente que não gosta de africanos, tás a perceber? E se calhar, pela totalmente e se calhar tive mais vezes essa experiência de pessoas ma dizerem que tu és completamente diferente dos africanos por exemplo, ou não te considero como um africano, se calhar tive mais vezes essa vertente de racismo do que propriamente outro racismo puro e duro, de dizer preto sai daqui ou algo do género, esse tive, foi raras vezes essas situações que eu tive, tive foi muito essa, digamos, se calhar o racismo de colarinho branco, não é? risos olha, uma expressão

E, na escola, alguma vez sentiste racismo que poderia ter influenciado alguma coisa? Notas?

Olha, se calhar numa disciplina que eu acho, não é uma certeza mas foi a única vez que eu fiquei com alguma sensação em que se calhar a cor da minha pele influenciou numa nota, foi na altura, a inglês, isto mexeu comigo porque eu sempre fui muito bom a línguas e portanto, e no 11º porque entretanto eu quando mudei Quinta do Conde, estava no 11º, mas eu ainda comecei a escola no Barreiro portanto, o primeiro período no Barreiro e depois no inicio, no inicio do segundo período, comecei na Quinta do Conde, em meados de Janeiro ou inicio de Fevereiro e a nota que eu tive a Inglês na escola do Barreiro no fim do primeiro período, na minha vista acho que era injusta tive um três quando eu acho que merecia um quatro, não digo cinco mas merecia um quatro, não sei porque é que a professora deu-me um três, porque eu tive, fizemos dois testes, nesses dois testes tive notas altíssimas e estava a pensar que tinha garantido o quatro, quando a professora deu-me o três e no ultimo dia de aulas ou no dia a seguir ao ultimo dia de aulas fui falar com a professora, então professora, mas tenho estas notas e você me a dar o três e os argumentos que ela me apresentou não me convenceram e foi, acho que foi a única vez que eu senti que se calhar a cor da minha pele possa ter influenciado na nota, porque nunca fui um aluno que me portasse mal Não, não era dos mais calminhos também é verdade mas, nunca faltei ao respeito a professoras, raramente faltava e quando faltava, pouco faltava, mas era esporádico, muito esporádico e nas línguas raramente estudava porque apanhava com tal facilidade então o Inglês que acho que até é a língua que, acho que é a língua que até que me, que sou melhor achei estranho portanto, tive dois testes com oitenta na altura era em percentagem, tinha sempre acima de oitenta por cento, entre oitenta, noventa e depois ter um três no fim do período não me fez nenhum sentido e os argumentos que a professora apresentou-me foi a única vez que eu senti que, se calhar a cor da minha pele possa ter influenciado nessa nota, de resto não se houve algum não me recordo, mas de resto eu penso que não tenha tido alguma nota que possa ter, que possa até ter sido injusto mas não creio que tenha sido pela cor da pele, portanto acho que foi uma vez que tive essa experiência que se calhar, portanto foi a sensação com que eu fiquei, que se calhar a cor da minha pele possa ter influenciado a nota.

E planos para o futuro?

Planos para o futuro, tenho, tenho planos para o futuro como é óbvio, a nível profissional, sabes que a nível profissional este passo que eu dei de mudar foi, foi um grande passo, no sentido de onde eu estava, profissionalmente tinha provado o meu valor portanto, estava efectivo, as pessoas tinham confiança em mim, depois surgiu esta nova oportunidade para mudar de trabalho tinha duas opções, se tenho durante a vida em quase tudo que é, ou deixas-te estar confortável onde estás e dizes ok. não falo, se calhar ambição, ou seja, aqui eu sei o que é que tenho, eu sei o que é que espero e vou ficar aqui não mexo ou então aproveito esta nova oportunidade para mudar e e ver o que , entre aspas e tentar, teres que provar outra vez o teu valor provar o que vales, ou seja, é sempre mais extenuante e mais esforçado do que no sitio onde tens provas dadas, sabes tudo o que tens a fazer, nada te surpreende, do que ir para uma coisa nova, novos colegas, novas metodologias de trabalho, novos objectivos, a nível profissional eu pus-me incuti a mim mesmo nunca tar demasiado confortável, ou seja, geri aquele sentir que se calhar não tenho nada mais a dar ou a empresa a dar a mim como profissional, se tiver que ficar fico, não problema mas, se puder ir para uma coisa diferente, para mudar como pessoa portanto, nem que fosse através de outra experiência, decido nunca tar demasiado confortável a nível profissional. A nível pessoal, não foge muito a quase toda a gente tentar ser feliz, tentar encontrar a pessoa certa, constituir família, nada de, nada de extravagante.

Pensas continuar a estudar, fazer mais alguma coisa nesse sentido?

Olha eu tenho que tirar, é assim, eu agora vou ter que continuar a estudar porque a empresa onde estou agora, vou ter que tirar a até para relembrar mais portanto, a empresa onde eu estou agora, nós falamos um Francês muito técnico, ou seja, não é o Francês normal social, é um Francês muito técnico, vou ter que tirar uma, entre aspas, especialização no instituto onde eles têm acordo, para a nível profissional ser melhor, portanto no Inglês não tenho qualquer problema mas esta empresa, apesar de falar muito Inglês mas está mais virado para o Francês portanto, vou ter que fazer um pequeno, pequeno curso de aprendizagem de, quando estava na outra empresa cheguei a tirar quatro cursos de especialização portanto, a nível técnico, são cursos técnicos, ao nível de Informática, de Desenho Técnico, de programas de facturação, de de stocks portanto, sempre tive embora sejam cursos de curta duração mas são específicos, três meses, quatro meses portanto, sempre tive isso durante a minha vida profissional, mas mas sinceramente dizer vou tirar mais algum curso, pode ser que sim mas neste momento não tenho como objectivo ou não tenho nos meus horizontes tirar mais algum curso nunca, nunca fecho a porta a nada mas neste momento não tenho como objectivo determinante tirar outra formação ou algo do género.

E se não tivesses na Gestão de Projectos onde é que estarias?

risos Também não

Vês-te a fazer o quê?

Eu, olha, olha eu quando era pequenino queria ser médico, queria ser médico, depois quando tava na adolescência eu acho que a maior parte dos rapazes passam por isso, grande parte dos rapazes, se não fosse desportista, ser professor de educação física, que eu acho que quase todos os rapazes querem ser professor de educação física, eu acho que se não estivesse na gestão de projectos onde é que eu estaria? ... não sei, olha, uma coisa que eu sempre gostei e ainda hoje me atrai, não sei se vou fazer ou não, por exemplo, ser dono de um pequeno negócio, quando eu digo pequeno negócio, por exemplo, um café, um bar, um restaurante, era, era uma coisa, foi uma coisa que sim, sempre me fascinou, mas não, sempre me agradou, ter algo se calhar mais pela minha vertente social, que eu acho que tenho ou de gostar de tar rodeado de pessoas e de falar com pessoas, sempre foi algo que que sempre teve na minha mente, era ter um um pequeno negócio, se fosse grande melhor, mas sempre um negócio, um pequeno café, um pequeno bar ou um pequeno restaurante. Se calhar se não estivesse onde estou hoje e se, se as condições se propusessem talvez pudesse tar nalgo desse género tar à frente de um café, de uma pastelaria, de um bar.

E acreditas na hipótese de ires trabalhar para fora?

Olha é uma realidade, é uma possibilidade, pode-se chamar bastante real. A empresa onde eu estou neste momento, é uma multinacional francesa que tem escritórios em vários, em vários países, uma das possibilidades se pode haver é de de eu se se o meu trabalho agradar e se eu também tiver contente, de poder ir trabalhar dentro desta empresa para outro país mas a sempre houve uma possibilidade, por exemplo de ir trabalhar também para a Holanda, o meu pai está portanto, sempre teve , ir trabalhar para a Holanda mas. e como também neste momento como ainda sou solteiro é sempre mais fácil também se houver alguma oportunidade de trabalhar para fora, ser mais fácil de aceitar, do que se ter família é sempre mais complicado, mas a é uma possibilidade, eu encaro isso como podendo ser possível no futuro ir trabalhar para fora encaro isso como uma possibilidade sim, e não, e não a descarto, hoje não a descarto de, se tiver que ir trabalhar para fora, se for uma boa oportunidade, de aceitar.

E se tivesses que te descrever como pessoa? risos

É, quer dizer, é isso é, é tão ingrato, uma pessoa parece narcisista a falar de si não é? Como, como eu acho que me vejo como pessoas que são coisas diferentes, é eu achar o que sou como pessoa e as outras pessoas o que é que vêm como pessoa, mas eu acho que como, como pessoa, sociável bastante amigo dos amigos, divertido, acho que tenho sentido de humor, pelo menos é o que me dizem a mim portanto, olha, uma coisa, vou-te dizer uma coisa que eu gosto muito e tento e se calhar inconscientemente, gosto de fazer as pessoas rir, sinceramente, mas talvez pelo prazer de rir e sem, sem pedir nada em troca, gosto muito de fazer as pessoas rir. Tenho coisas menos boas como qualquer um, se calhar sou um pouco teimoso também portanto, uma das coisas que me falta se calhar agora como defeito é, é se calhar não dizer tudo o que penso, não digo dizer tudo, tudo, tudo, que isso também acho que é egoísmo, mas se calhar em certas alturas deveria dizer o que penso e se calhar guardo para mim e se calhar, eu considero isto um defeito, se calhar muitos consideravam uma virtude mas eu considero um defeito, se calhar não pensar tanto em mim, as vezes descuro mesmo a minha pessoa e, e acho que de vez em quando devia pensar um pouco mais em mim, não estou a dizer que penso mais nos outros do que em mim mas da acho que muitas das vezes não penso em mim e basicamente, o que eu não gosto de falar de mim, é uma coisa que me mete impressão é perguntarem como é que eu me acho como pessoa, acho, acho uma pergunta tão, tão estranha, não me sinto muito à vontade porque

Auto- análise…

É auto-análise, é, é, mas Sim, se calhar isto até é auto-análise risos. Mas Grosso modo acho que considero estas palavras e isso

Ok, acabámos.

Acabámos? Ok. Olha, é , sim senhor.

Uma hora e vinte cinco.

Uma hora e vinte cinco. (01h25m59s)

This is the first translated utterance of the interviewer.

This is the first translated utterance of the interviewee.


Descarregar XMLDownload text